Origem e fundação

Na tarde do dia 16 de julho de 1849 ecoou como um grito profético no mundo e na Igreja as palavras do Padre Claret,"Hoje damos início a uma grande obra!", quando reunido com cinco jovens sacerdotes, em uma pequena sala do seminário Vic, Espanha, deu início a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria.

A experiência de Claret como missionário itinerante na Catalunha e nas Ilhas Canárias o levou a perceber mais profundamente o sofrimento das pessoas, que viviam num contexto de lutas e guerras políticas, que precisavam de atendimento espiritual, estavam com sede da Palavra de Deus, necessitavam de evangelizadores, entretanto faltava sacerdotes preparados e zelosos para tal missão. No entanto, como reconheceu o próprio Claret, a fundação da Congregação não era uma idéia sua, mas uma inspiração divina que o conduziu a empreender tamanha obra, que ao mesmo tempo apresentava-se desafiadora e frágil.

A iniciativa de Claret de fundar a Congregação não foi algo repentino que se equiparasse a um fato puramente social, mas, verdadeiramente, foi um acontecimento do Espírito Santo, que podemos identificar como a realização de um "novo pentecostes". Por muito tempo ele vinha cultivando o desejo de preparar sacerdotes para o anúncio do Evangelho e unir-se com aqueles que se sentiam encorajados "pelo seu espírito" para fazer com eles o que sozinho não podia: "Consultei alguns sacerdotes, a quem Deus concedera o mesmo espírito que me animava. Eram Estêvão Sala, José Xifré, Domingos Fábregas, Manuel Vilaró e Jaime Clotet". A faixa etária do grupo fundacional ia dos 27 aos 37 anos, o mais velho era Claret, que já estava com 41anos. Todos eram provenientes da Catalunha e pertecentes a diocese de Vic.

Vinte dias após ter fundado a Congregação, Padre Claret recebeu a notícia da sua nomeação como arcebispo de Santiago de Cuba, a qual aceitou apesar de sua resistência. A Congregação estava nas mãos de Deus e sob a orientação de um co-fundador, o Pe. Estevão Sala, que morreu em 1858. Após esse episódio assume a direção da jovem Congregação um outro co-fundador, Pe. José Xifré. Mesmo distante dos seus Missionários, o então arcebisbo de Cuba, acompanhava o crescimento da amada Congregação. Somente em 1857, Claret voltou a Espanha, chamado a Madrid para ser confessor da rainha Isabel II, exercendo seu cargo com zelo e discrição inigualáveis, colaborando para que a Corte espanhola florescesse em piedade e bons costumes. Nesse momento histórico Claret aproveitou para ficar mais próximo do novo Superior Geral da Congregação e de todos os Missionários. Não mediu esforços para contribuir com a expanção do Instituto: publicou o primeiro "Diretório Espiritual", participou nos Capítulos Gerais, elaborou a Constituição que a Santa Sé aprovou em 11 de fevereiro 1870. Obediente a orientação do Superior Geral, Pe. Xifré, Claret escreveu sua autobiografia em 1862.

Com a revolução espanhola de 1868, a Congregação sofreu outro forte abalo, quando foi supressa civilmente. Nesse cenário da Revolução muitos mebros foram expulsos da Espanha resultando uma grande dispersão, que provocou a abertura de casas em outros países. Porém, lamentavelmente foi grande o número dos membros que abandonaram a Congregação. Com a supressão civil do instituto o então Padre Geral, José Xifré, refugiou-se na França bem como outros tantos missionários entre os quais estava o fundador, Pe Claret, que permeneceu exilado até sua morte em 1870

Para a glória do Instituto, durante esse período de Revolução teve-se o primeiro Mártir Claretiano, Pe. Francisco Crusats, que com seu sangue derramdo por amor a Deus e a Congregação regou o ideal dos Missionários. Memso nesse período crítico a expanção missionária dos Filhos do Coração de Maria se fortificou, e desde o exílio francês foram organizadas as fundaçãoes em Argel (norte da Àfrica), 1869, e no Chile (América Latina), 1970, as quais Claret ainda pode ver com grande satisfação a Congregação fora da Europa.

A expansão da Congregação
Com a nomeação do Pe. Claret para Arcebispo de Santiago Cuba, foi escolhido o Pe. Estevão Sala para ser o superior da jovem Congregação. Este foi um tempo marcado pela consolidação da Congregação e pela formação espiritual, em contrapartida, caracteriza-se esta fase inicial como período de estagnação, o qual em 1858, com o falecimento do Pe. Estevão Sala, o Instituto contava apenas com uma casa, doze sacerdotes e três irmãos.

O novo superior geral escolhido foi o Pe. José Xifré, que governou a Congregação por 41 anos (1858-1899). Homem enérgico e de grande capacidade administrativa, fez com que a Congregação vivesse um período de expansão extraordinário. No momento da sua morte, em 1899, o Instituto contava com cerca de 1300 membros, 61 casas espalhadas pela Europa, África e América.

A primeira metade do século XX
Este é um período que será marcado pelo processo de descentralização e pelo fortalecimento das autonomias regionais. Com meio século de existência a Congregação já tinha um lugar no seio da Igreja, bem como um crescimento considerável. Nesse período o Superior Geral é o Pe. Clemente Serrat, homem que se destacava por sua delicadeza e amabilidade, bem como na prudência em que governou a Congregação de 1899 a 1906, num período marcado por grandes acontecimentos históricos O processo de consolidação e expansão da Congregação foi constante, o que macou uma forte presença em vários países da Europa, América e China, onde desenvolveu firmemente o ministério da pregação do evangelho, tanto nas suas formas tradicionais (missões populares e exercícios espirituais) , como nas novas modalidades para a Congregação (ensino e paróquias); desenvolve-se os trabalhos na linha dos meios de comunicação com os opúsculos, folhas avulsas, boletins, fundação de revistas e editoriais, tudo sempre em consonância com sempre em consonância com a inspiração do fundador.

De 1906 a 1922 a Congregação foi governada pelo Pe. Martin Alsina (eleito por dois capítulos Gerais consecutivos 1906 e 1912) que tinha como um de seus lemas de governo tornar a Congregação reconhecida no mundo como Instituto observante, apostólico e ilustrado em todos os campos da ciência eclesiástica. Neste período teve grande destaque a propagação do Culto ao Imaculado Coração de Maria, bem como o início da revisão das Constituições. No fim deste governo a Congregação contava com 1943 membros e 154 casas.

Pe. Nicolau Garcia foi eleito superior Geral em 1922, teve seu primeiro governo marcado pela aprovação definitiva das Constituições em 16 de julho de 1924; pela criação de novas províncias, entre elas a do Brasil; a aprovação da Sede Geral da Congregação para Roma. Neste período alguns fatos marcaram a vida da Congregação: a construção do Templo Votivo Internacional de Roma dedicado ao Coração de Maria (inaugurado em 1952) e a beatificação do Pe Claret, que aconteceu no dia 25 de fevereiro de 1934. Foram realizadas muitas fundações, sobretudo na Rússia (1922) e na China (1929), de onde foram expulsos em 1849 pela revolução comunista. Durante este período, vítima da Revolução Mexicana (1927) Pe. André Solá, morreu mártir

Com o Capítulo de 1934 foi eleito para Superior geral o Pe. Felipe Maroto que se destacava por suas qualidades espirituais e intelectuais. Nesse capítulo a congregação passou a utilizar o nome de Claretianos, bem como a abertura do Colégio Internacional em Roma, o atual Claretianum.Em tal período não faltaram provas e sofrimentos para Congregação, durante a Guerra Civil da Espanha, 1936, foram a mortos de mais de 271 professos claretianos entre padres, estudantes e irmãos, entre os quais estão os 51 Mártires de Barbastro. Em 1937 com a morte súbita do Superior geral, foi reeleito o anterior, Pe. Nicolau Garcia, que no segundo mandato definiu a finalidade do Instituto, ou seja as Missões Populares. Tendo o fim da Guerra Civil espanhola (1939) e o início da segunda guerra mundial (1939 a 1945), este tempo foi marcado com forte declínio vocacional na Congregação, e o fechamento de muitas casas na Espanha. Por outro lado, em outros países há um fortalecimento dos centros formativos. Fato marcante na Igreja foi a Consagração do mundo ao Imaculado coração de Maria, realizada em 1942 pelo Papa Pio XII. Em 1945 a Congregação tinha cerca de 2638 membros e 240 casas.

Desde o primeiro centenário
O centenário da Congregação foi marcado pelo XV Capítulo Geral que elege o primeiro superior Geral não espanhol, o alemão Pe. Pedro Schweiger, caracterizando uma abertura congregacional universal, e conta com cerca de 2638 membros professos e 160 noviços. Durante este período a Congregação tinha se expandido em cerca de 25 países.

Momento marcante deste período após o centenário da congregação, foi a canonização de Santo Antônio Maria Claret no dia 07 de maio de 1950. Não só foi apenas o reconhecimento da santidade de um homem, mas também, um respaldo de toda Igreja para com o trabalho missionário da Congregação.

Grande importância foi a conclusão do Concílio Vaticano II, que resultou na renovação da Congregação, no aprofundamento da identidade claretiana na Igreja e num novo impulso missionário. Este processo de renovação tem sido contínuo e reafirmado nos anos subsequentes, acompanhado pela expansão da congregação na África, Ásia e na Europa Oriental. Com isso temos não só posições abertas em novos países, mas também em novas fronteiras e atividades pastorais, escolas bíblicas, missões populares renovadas especificamente orientadas para serviços religiosos, os compromissos específicos para a justiça e paz e integridade da criação, entre os pobres, imigrantes, marginalizados, a promoção de meios de comunicação social e do diálogo inter-religioso. Em 1999, a Congregação dos Missionários Claretianos completou 150 anos de fundação, e em maio de 2000foi atingida com dor e sofrimento pelo martírio do Missionário filipino Rohel Gallardo, que com seu sangue regou o a missão dos Missionários Claretianos para a glória de Deus e garantia de sua fidelidade a missão recebida.

Em 4 de abril de 2011 a congregação conta com 19 bispos, 2.142 padres, dois diáconos permanentes, 182 irmãos, 535 noviços e 117 professos estudantes distribuídos por 62 países, em 462 comunidades.